tentações do silêncio: Inscrição

esperança

hoje és depósito da embriaguez que os outros esquecem pela boca fora

consumo mínimo

Sou alguém que não tem nome para o mundo porque os nomes são armas com que controlamos as coisas que cobiçamos. Até os deuses deixaram que nós lhes atribuíssemos nomes para que pudessem ser possuídos pela nossa fé ou pela nossa devoção egoísta. Nada possuo nem tenho território fixo. Aliás, ainda hoje persigo uma terra de ninguém, um mar sem nome e que por compartilhar da minha clandestinidade será eleito para que pertençamos um ao outro. Encontrei este espaço na blogosfera unicamente para dar alguma amplitude à minha voz, até porque acredito que, se as nossas palavras morrem assim que o vento muda de direcção, elas talvez terão mais alguns minutos de vida quando as escrevemos. Preciso de escrever como de tocar aquela pessoa que me preenche os sonhos e que sempre tenho procurado ao longo da minha vida. Sim, acredito no Amor. Gosto de acreditar que certas coisas são eternas. De contrário, se não existisse o impossível ou pelo menos o incerto, nós estaríamos reduzidos àquilo que os nossos sentidos conseguissem alcançar. E é sabido que os poetas são de uma espécie diferente da humana. Talvez eu devesse permanecer calado, por querer amar alguém igual a mim, diferente como eu. Mas o silêncio é diabólico precisamente por levar o Verbo a atirar-se no precipício e a fazer das pedras da matéria pão para o espírito. A maior das tentações é a de querermos ter voz. Eis que aqui estou. Eu sou aquele que sou. E a minha criação ainda não foi terminada.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

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