sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sophia

Tomei o nome da Sabedoria porque amar-te fez-me conhecer a loucura, aquela que supera toda a ciência e assimila o que o pensamento mais elegante não consegue alcançar.

Usurpei o seu nome porque deixei de reconhecer qualquer lógica no mundo desde que tu o pisaste pela primeira vez. Já te conhecia antes que tudo existisse, antes até do próprio tempo, e o meu deleite sempre foi estar na tua companhia.

E no fundo, de que vale o meu nome? Criei-te e ofereci-te o meu reino, aquele onde com um braço ergues belos jardins e com o outro fazes girar uma espada de fogo que te separa do mundo. Queria que me reconhecesses. Queria recuperar-te, demiurgo do meu coração por completar. Mas desse lado da nuvem de desconhecimento que nos separa nada te faz saber quem sou e o que sinto.

Para ti terei todos os nomes do mundo. Nenhum deles me pertence de facto. E assim permanecerei, atrás de um abismo intransponível, onde nem eu me consigo encontrar nem o meu amor tem nome.