tag:blogger.com,1999:blog-49182942666961886772024-03-06T03:42:40.921-01:00tentações do silêncioNo meio do silêncio, a maior das tentações é falar.What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.comBlogger47125tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-23226608590156681892010-11-18T22:26:00.002-01:002010-11-18T22:42:16.087-01:00como um címbalo que retine<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFlnowGxP7DnyZQYYValY4dlI95GS44J9FDOVHm-Q0yUSmgcS6QO3Xn2bAgDb-p1GOmdmg2_7YGuThjbqgZ-rvjnEyV0WmcqRMRTC7An6k1815hWwWRQb6T5cARBwK6-y1hfVC-jIu0qk/s1600/3749740157_9631dfc1d3_z.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 286px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFlnowGxP7DnyZQYYValY4dlI95GS44J9FDOVHm-Q0yUSmgcS6QO3Xn2bAgDb-p1GOmdmg2_7YGuThjbqgZ-rvjnEyV0WmcqRMRTC7An6k1815hWwWRQb6T5cARBwK6-y1hfVC-jIu0qk/s400/3749740157_9631dfc1d3_z.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5541039171798644786" /></a><br /><br />diante da tua ausência<br />todos os meus passos são simples pedaços de sombra a ganhar terreno num país de névoa<br />todos os meus passos<br />ritmos sonâmbulos de uma cabeça feita pêndulo de bronze<br /> <br />dizem que ele retine sem que ninguém o entenda<br />e é análogo aos homens que<br />mesmo na idade dos anjos<br />habitam uma cidadela de ferro<br />polidos oxidados surdos<br />presos ao chão<br /> <br />assim também eu pareço dizer muitas palavras sem que as entendas<br />talvez estejamos de lados opostos do espelho<br />talvez me falte entregar o meu corpo ao fogo e deixar que as cinzas te falem<br />talvez<br />a minha prisão do tamanho dos teus braços fortes<br /> <br />mas<br />diante da tua ausência<br />os meus passos são apenas fantasmas num país em ruínasWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com97tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-8806378615495028722010-09-14T03:22:00.000+00:002010-09-14T03:23:08.025+00:00<div>dizem que a dúvida é uma espécie de fome</div><div>a mente ecoa as suas carências com a mesma ressonância que o estômago</div><div>portanto se eu duvido de ti</div><div>se te conto os dedos enquanto te aproximas</div><div>deduzo que parte da minha fome só se resolve com o teu toque</div><div>a sombra quente que suspende a minha descrença</div><div><br /></div><div>dizem que não há que ter medo da dúvida</div><div>que a verdade é sempre a mesma</div><div>do alto de um rochedo ou entre as pedras de uma maré baixa</div><div>ou ainda no salto desesperado de um para o outro</div><div>aprender é suscitar aparições em lugares vários</div><div>sem escapar a cada segundo da descida</div><div>é abraçar essa crescente finitude</div><div>o cerco que se fecha</div><div>a última vaga</div><div><br /></div><div>é a mesma gravidade</div><div>com que desço entre mundos e poemas</div><div>que me faz aprender todos os satélites dos teus sonhos</div><div>e mesmo arremessado contra o teu último chão</div><div>perscrutá-lo disciplinadamente em busca de novas ondas e luares</div><div><br /></div><div>nessa outra margem</div><div>outro universo</div><div>os ecos voltam a ensinar-me os teus dedos</div><div>e desta feita ouço que os lavas em água corrente</div><div>pergunto</div><div>o que é a verdade?</div><div>e entregas-me pedras em vez de pão</div><div>silêncio sem tentações</div><div>um sol vertical sem a tua sombra</div>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-85163681031061186602010-06-25T23:30:00.001+00:002010-06-25T23:30:36.801+00:00Sophia<div>Tomei o nome da Sabedoria porque amar-te fez-me conhecer a loucura, aquela que supera toda a ciência e assimila o que o pensamento mais elegante não consegue alcançar.</div><div><br /></div><div>Usurpei o seu nome porque deixei de reconhecer qualquer lógica no mundo desde que tu o pisaste pela primeira vez. Já te conhecia antes que tudo existisse, antes até do próprio tempo, e o meu deleite sempre foi estar na tua companhia.</div><div><br /></div><div>E no fundo, de que vale o meu nome? Criei-te e ofereci-te o meu reino, aquele onde com um braço ergues belos jardins e com o outro fazes girar uma espada de fogo que te separa do mundo. Queria que me reconhecesses. Queria recuperar-te, demiurgo do meu coração por completar. Mas desse lado da nuvem de desconhecimento que nos separa nada te faz saber quem sou e o que sinto.</div><div><br /></div><div>Para ti terei todos os nomes do mundo. Nenhum deles me pertence de facto. E assim permanecerei, atrás de um abismo intransponível, onde nem eu me consigo encontrar nem o meu amor tem nome.</div><div><br /></div><div><br /></div>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-54103653324445638882009-11-25T18:22:00.002-01:002009-11-25T18:26:21.023-01:00a quedajá não há rimas novas a fazer<br />inevitavelmente esgotaram-se os sons e as sintonias<br />e possuímos agora toda a ciência<br />e dominamos todas as línguas dos homens<br />doravante o mundo será regido pelo caos<br />luz contra sombra água contra fogo<br />seremos diletantes eternos em busca de um novo caos<br />e a nossa hora última será um verso branco<br />fora de tempo fora de ritmo<br />breve<br /><br />pois já não podemos dizer chuva<br />sem sentir o fragor das vinhas<br />nem navegar sem passar pelos arcos do templo<br />o que está bem terá sempre um colo<br />e a dança acompanhará a nossa mocidade<br />tudo é previsível<br />mesmo o que não se vê<br />teremos sempre vento para nos contar os segundos<br />montado às costas de uma frase deixada a meio<br /><br />discurso soluço sufoco nudez revelação<br /><br />antes oferecíamos o corpo nos altares<br />segundo leis milenares ou com um punhal de improviso<br />hoje parece-me que nos vestimos de vermelho por outros motivos<br />o poema já não sofre nas mãos do poeta<br />contudo o poeta não sabe já quem é<br />faz-se de rei nas praças da cidade<br />mas esta já havia caído séculos antes<br />muito antes das cavalarias das armadas<br />antes de haver nomes para as cores do seu mantoWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-39015926998252848362009-09-26T01:03:00.001+00:002009-09-26T01:06:49.751+00:00Assis<p>retomar a queda interrompida por sobre o mundo<br />inverter o tabuleiro as grades as peças dos sentidos<br />subir ao derradeiro chão de todas as vertigens<br />e no último passo antes da verdadeira encarnação<br />abdicar de tudo menos das raízes dos cabelos<br />uma seara à espera de asas<br /><br />e aí sim<br />fazer silêncio<br />contemplar as cidades nascidas em plena atmosfera<br />os jardins suspensos de uma Babilónia por reconciliar<br />tocar na sua admirável falta de alicerces<br />pressentir o poder das nuvens que criam palácios e ruínas<br />que sendo de dimensões várias chegam todos à mesma altura<br />arremessados contra o seu tecto máximo<br />que é também o fim e o começo e a verdade<br />de cada semente em cada pedaço de terra<br />de cada abraço plantado<br /><br />neste compasso de espera e de presença<br />o poeta estende-se sobre o abismo entre um universo e outro<br />com as mãos abertas cravadas na ânsia do solo<br />em estado de puro desejo de irrigação<br />de sangue e de orvalho ocultos sedentos de comunhão<br />um poeta de pés livres para dançar com o vento<br />passo a passo para fora do tempo<br /><br />é o céu<br />diz a profecia gerada e nascida da ponte<br />é esta loucura que abre a boca do poeta para embeber a terra<br />e da árvore de mãos enraizadas e pés alados<br />surge todo o sonho a noite o dia enfim a criação<br />e depois da chuva virá sempre o deserto<br />o segredo que é incêndio e hibernação<br />o segredo que se torna aurora<br />sétimo dia<br />antecâmara da transfiguração<br /></p><br /><p></p>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-33548644155248206772008-09-25T01:44:00.004+00:002008-09-25T01:47:04.377+00:00câmara escuramas<br />e quando por mais que digamos o mundo<br />ele não acontece?<br /><br />eis-me aqui sentado<br />o mundo como entreposto dos ouvidos a cabeça entre as mãos nervosas<br />olho para um rio<br />digo que o caudal está a encher<br />mas há outras barragens outras carências energéticas a corromper a nascente<br />pego numa pedra toco-a acaricio-a lanço-a para longe<br />ao sentir a sua superfície lisa repetidamente amada<br />eu vejo<br />apesar de o rio ter um leito não me saciarei<br />apesar do caudal não terei um corpo à minha espera<br />apesar do tempo<br />apesar<br />do desejo e das mãos em punho as veias em evidência<br />as minhas palavras não conhecem outro ruído além do ranger de dentes<br /><br />talvez com o chamamento encontre outro corpo<br />outra vocação ainda<br />talvez de tanto percorrerem uma pele imaginária ou um peito em expectativa<br />os dedos possam desenhar o rosto a uma página<br />tal como se desflora um sorriso<br />entre beijos<br />ou numa câmara escura<br /><br />a voz<br />encontrá-la perfeitamente disposta na moldura<br />a respirar o mundo a recuperar do êxtase<br />abraçar o corpo levar o aroma o quarto a febre<br />ser louco e ser eterno<br />reconciliar-me com a chuva e com o granizo<br />abraçar-me faminto às rochas em brasa<br /><br />saltar de olhos fechados com uma colisão nos meus braços<br /><p><br /><p>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-48132536390766102872008-03-11T15:06:00.003-01:002008-12-10T03:07:55.903-01:00Renúncia<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNc1ACU1MFPhuR_64vh01U3kIXHUYWIEJvABoVWhahtP642XyjOZkRQ0D85NEw2zW_CNGadYmC01Z1sj3pRVtY9rhS2pvms5PHVxtFTvOXE9uY5osSOaNTr2bGVtuJDuknFJ-qtLOL1rE/s1600-h/ecra.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNc1ACU1MFPhuR_64vh01U3kIXHUYWIEJvABoVWhahtP642XyjOZkRQ0D85NEw2zW_CNGadYmC01Z1sj3pRVtY9rhS2pvms5PHVxtFTvOXE9uY5osSOaNTr2bGVtuJDuknFJ-qtLOL1rE/s400/ecra.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5176554521507705346" /></a><br /><br />Do seu exílio, o poeta escrevia, áspera e lentamente, nas paredes cinzentas de cartão defumado que o separavam da cidade:<br /><span style="font-style:italic;"><br />Este é o primeiro poema da minha vida.<br /></span><br />Passando os dedos reciclados pelo vício da casa, dizia a si mesmo que aquelas eram apenas as primeiras janelas antes do quebrar da luz. Diante das muitas páginas rígidas e empilhadas na mesa precoce, abortou o plano indesejado e deixou a arte para o fim. O poeta, de voz em punho e tinta à flor da pele seca, declarou veementemente:<br /><span style="font-style:italic;"><br />Este é o primeiro poema e a minha vida.</span><br /><br />Do seu famoso exílio fabulosamente invejado nos jornais, o poeta batia à máquina para não agredir os transeuntes, que por acaso, só mesmo por embirrância, se tinham colocado a jeito, atravessados pela estrada. O poeta tomou então mais um pouco de café, antes de marcar o duelo seguinte. Como as palavras eram escassas, comprou algumas por atacado e digeriu-as aos poucos, uma letra por dia. O poeta esfomeado mastigava pacientemente as paredes da casa a olhar para o seu prato vazio. A sua dieta impedia-o de consumir interjeições ou sequer preposições. Ao poeta só lhe restavam os artigos e as letras fora do abrigo da lei. E cópulas, muitas cópulas em forma de vogal aberta diante do espanto da matiné. O poeta vestiu-se de vapor, colocou-se na varanda de onde via gigantes ao pôr-do-sol e disse, ousadamente, aos muitos pássaros na praça:<br /><span style="font-style:italic;"><br />Esta é a primeira vida do meu poema.<br /></span><br />Terminou então a sua lenta ruminância que o deixara nu, desceu pelo elevador para a rua inclinada, pegou numa cadeira à espera dos sinos do camião do lixo e de modo muito distraído sentou-se no meio da calçada. Ao invés de escrever, olhou para os pedaços de vento soprados pelos papéis do chão, e ainda pensou para si mesmo que gostava de ser tão bom com as palavras como as memórias-detritos por reciclar. Disse, pois, nu, incandescente e irritado, com uma folha de papel a chover-lhe das mãos:<br /><br /><span style="font-style:italic;">Esta é a primeira morte, e o poema da minha vida.</span><br/><br /><br/>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-41858209961654729612008-02-14T22:01:00.012-01:002008-02-14T22:50:16.866-01:00[SF]* I<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://img117.imageshack.us/img117/3074/bannersilnciofaladoly5.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px;" src="http://img117.imageshack.us/img117/3074/bannersilnciofaladoly5.png" border="0" alt="" /></a><br /><blockquote style="font-family:lucida grande;"><span style="font-style: italic;">AE – Poesia e silêncio são dois conceitos interligados?<br /><br />TM – A poesia é uma forma de escuta e de atenção. O silêncio é a metodologia de todos os poemas que se escrevem. <span style="font-weight: bold;">A grande tentação dos poetas é o silêncio. </span>A poesia exige uma vida tentada pelo silêncio. É uma forma de comunhão. A poesia não quer suprir o silêncio nem explicá-lo.<br /><br />AE – Então o silêncio é o embrião da poesia...<br /><br />TM – É embrião e o porto último. É a meta de todos os versos que se escreveram.<br /><br />AE – Em estado poético voa-se na interioridade das palavras.<br /><br />TM – Na poesia tenta-se – como se fosse a travessia das águas – atravessar sem ferir o mar. Para que no sossego das águas possamos ver o fundo, mas nem sempre isso é possível.</span></blockquote><br /><br />Entrevista a José Tolentino Mendonça para a Agência Ecclesia,<br />6 de Fevereiro de 2008<br /><br /><br />*A secção Silêncio Falado (SF) servirá de janela para outras perspectivas, outras vozes, outras formas de emprestar uma cor àquilo que por si mesmo é límpido, incolor, puro, essencial e a que por aqui se vai dando o nome de poesia. Citações textuais, vídeos, imagens, formas de se sobressair do ruído comum e de nos fazer sentir a tentação primordial, a emergência do ser apesar das sombras.<br/><br /><br/>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-42304882575773495352008-02-12T22:18:00.002-01:002008-12-10T03:07:56.188-01:00Um ano de tentações<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibP1tjCYlUslevrrv-SpFJqx1RocaGkWBG_7TCYkQ3qwqT2cXnkT82jzaFyTCgY-uaURXcL4xztqFr49AQkUkWt5KL1_SSaq6F0Eovfw0YIkp4yBJl5kmPa1Qphdu_7OYzXQQNq7Nt4og/s1600-h/amorpoetathumb.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibP1tjCYlUslevrrv-SpFJqx1RocaGkWBG_7TCYkQ3qwqT2cXnkT82jzaFyTCgY-uaURXcL4xztqFr49AQkUkWt5KL1_SSaq6F0Eovfw0YIkp4yBJl5kmPa1Qphdu_7OYzXQQNq7Nt4og/s400/amorpoetathumb.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5167061343583827762" /></a><br/><br /><br/>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-59987387086320286582008-02-09T04:50:00.008-01:002008-12-10T03:07:56.333-01:00Ecos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRSbAyfmXdpk12-MM-jCcY1czBRXMvEM01sCy_DYXnXXM13l3L0yw6FgEJF6M84u2pXMnRLqAe48PR-XL94JqSSyGWzl8Zual-iQM4eNP4GuY5hjQByKBGUnVq8rGITSOzI_kmN6ummvI/s1600-h/16722536_24e1d8d218_o.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRSbAyfmXdpk12-MM-jCcY1czBRXMvEM01sCy_DYXnXXM13l3L0yw6FgEJF6M84u2pXMnRLqAe48PR-XL94JqSSyGWzl8Zual-iQM4eNP4GuY5hjQByKBGUnVq8rGITSOzI_kmN6ummvI/s400/16722536_24e1d8d218_o.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5164857956641502818" border="0" /></a><br />de cada vez que a canção recomeça<br />o dia dança mais devagar<br />o braço sobre o disco<br />os discos onde te apoias e da torre vês que o mundo se faz uma manhã vermelha<br />sobre os teus pés ou a cama<br />ou a janela entreaberta com flores num salão de nuvens<br />o braço a acariciar-te o corpo<br />ou a dedilhar um pensamento que alguém teve um dia<br />no final de contas o gira-discos é uma fábrica de banalidades<br />ouvir uma canção é cometer plágio<br />tantas vezes quantas te beijo<br />tenho a impressão que o teu olhar já cá estava ontem<br />porém duvido que tu já cá estivesses<br />cada vez mais devagar<br />o teu rosto a desenhar-se aos meus ouvidos<br />devagar<br />um eco de um mar que havemos de conquistar um dia<br />envelhecer devia ser apenas uma questão de levantar o braço<br />e percorrer o corpo do poema desde o começo<br />tocar o corpo tocar o efémero adivinhar o inominável<br />ver-te pela primeira vez como se só hoje tivesse acordado<br/><br /><br/>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-53619370151043919612007-12-24T13:46:00.001-01:002008-12-10T03:07:57.329-01:00Isto não é uma palavra.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZZlg2NbI6K6B1G4wUiwulW38HmZ8hS_jtoZYYYugkvYr52LICTrbeR9DQ7vgrk-WuDNHfu2ZnKLermtbpb9ZOO1IQP8BPthOvMlDKCpECKQ6sbs8j0KaK7kBu8PZC4_JvYgFzOIWcj2s/s1600-h/pasunmot.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZZlg2NbI6K6B1G4wUiwulW38HmZ8hS_jtoZYYYugkvYr52LICTrbeR9DQ7vgrk-WuDNHfu2ZnKLermtbpb9ZOO1IQP8BPthOvMlDKCpECKQ6sbs8j0KaK7kBu8PZC4_JvYgFzOIWcj2s/s400/pasunmot.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5147552532964164594" /></a><br /><br />Isto não é uma palavra.<br />E também não é a Palavra.<br />No princípio o Poeta estava de mãos vazias.<br />Havia muita gente e vozes e cidades e oceanos ao seu redor.<br />Um dia falou. E ao dizer o mundo nasceu como único deus do poema.<br />Disse-se como homem e construtor de pontes.<br />No dia em que encontrar a sua Voz, começará a ser o que sempre foi.<br />O Poeta será o Poema.<br /><br />Feliz Natal para todos os que se deixam tentar pelas muitas vozes do mundo, que nada mais são que ecos de uma única Voz, o Ser, que espera no escuro, num silêncio de veludo.What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-44767344124412061412007-12-19T04:33:00.000-01:002008-12-10T03:07:57.587-01:00Receituário<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipCTErdLLulrWPNaLhuXLdY-vIcAqcuWx6AIxgQ8mXMmpak2dK6mLnlFgUZX-U6bmvdldmLRtgEyNFs0NEsYFTvG19Q5319M1AHVcYZE609bO5dDgBoxInFN1wrsdBiPby2cUo6LNsOOI/s1600-h/untitled_by_inspiremetangerine.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipCTErdLLulrWPNaLhuXLdY-vIcAqcuWx6AIxgQ8mXMmpak2dK6mLnlFgUZX-U6bmvdldmLRtgEyNFs0NEsYFTvG19Q5319M1AHVcYZE609bO5dDgBoxInFN1wrsdBiPby2cUo6LNsOOI/s400/untitled_by_inspiremetangerine.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145557366036349698" /></a><br />se eu falar muito devagar<br />talvez consiga suster o mundo nos meus lábios<br />certo é que deixarei certas palavras por dizer<br />uma manhã nebulosa de domingo em cada dedo<br />e o poema partirá das minhas mãos incompleto<br />um fio de intensa existência a escorrer desde os pulsos até ao chão<br /><br />amo-te<br />não sei se te encontro hoje<br />amo-te<br />onde estão os espelhos onde ontem cortavas a luz?<br />amo-te<br />acolhe nos teus braços o meu dia<br />amo-te<br />não me escondas as paredes o ar a cidade<br />amo-te<br />é isto a despedida o desengano o engate?<br />amo-te<br />num segundo tudo ficará suspenso<br /><br />seguro no meio das nossas miragens um pedaço de prata<br />não tenhas medo<br />não te farei mal<br />observa o reflexo da tua face nesta lâmina<br />brilhante<br />a inteireza da tua luz e da tua podridão encantam-me<br />gostaria de te prender nos meus braços<br />deixas-me?<br /><br />quero-te<br />há demasiada gente que morre sem memória<br />quero-te<br />não temas o desvario o azar a obsessão<br />quero-te<br />trouxe-te algo para curar as tuas noites<br />quero-te<br />não quero que assines no fim<br />quero-te<br />não quero<br />quero-te<br />porque tinhas que engolir a estrada com todas as suas colisões?<br /><br />hoje vários corpos foram encontrados<br />desconhecem-se as vítimas o seu passado o seu nome<br />porém várias veias pareciam ir na mesma direcção do desejo<br /><br />olhares rubros má sorte<br />um anjo com rosto de cinzasWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-52527609404752357242007-12-17T21:56:00.000-01:002008-12-10T03:07:58.034-01:00À parte<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4KNqs83WzrK0rkVeFLfu_Nx5dTr25fOq-CnuIi6kNai7oPAG7t33i3uoAVbvCVq6zLxHcz4VwaT6cLsoDlAM4l5iQLn7cZaiQik-ZhbC4C-d5ccrEgDZjRpE8590twIvGs1qju3_1Vrw/s1600-h/dementia_by_tranceonair.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4KNqs83WzrK0rkVeFLfu_Nx5dTr25fOq-CnuIi6kNai7oPAG7t33i3uoAVbvCVq6zLxHcz4VwaT6cLsoDlAM4l5iQLn7cZaiQik-ZhbC4C-d5ccrEgDZjRpE8590twIvGs1qju3_1Vrw/s400/dementia_by_tranceonair.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145096507455554290" /></a><br />como explicar a uma criança a idade de uma árvore<br />ou outro mistério mais antigo que os mesmos anéis do seu cabelo?<br />o amor ou uma mancha na madeira<br />será uma nódoa ou um sinal do tempo?<br />quanto a mim<br />perdi a conta aos meus dias<br />sentei-me a contemplar as linhas das minhas mãos<br />e ao escutar outra criança ao lado<br />espelho contraponto miradouro as mesmas perguntas<br />o eco de um colo que se pede<br />de súbito acendeu-se uma nova demência<br />e sustive-me entre a explosão do riso e a mesa<br />tão abismal como o caos que adoro nos altares a cada diaWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-76458497128540477752007-12-06T03:39:00.000-01:002008-12-10T03:07:58.276-01:00Digressão de um ilusionista<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOmAh8oRmVUjDA1YGu_90oMVbOPAlP3X_4ZoA-wGrgmnJ2zVzx7_3KW8RokvHw-E0bPb0r89iL0j5Y4qJaQd9rhfO2jgMvcgWAhY9IBbcC1WAQYCGDALtgDCEmEc4JB9m7jIfFKss6JLA/s1600-h/Vanish_by_eXcer.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOmAh8oRmVUjDA1YGu_90oMVbOPAlP3X_4ZoA-wGrgmnJ2zVzx7_3KW8RokvHw-E0bPb0r89iL0j5Y4qJaQd9rhfO2jgMvcgWAhY9IBbcC1WAQYCGDALtgDCEmEc4JB9m7jIfFKss6JLA/s400/Vanish_by_eXcer.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140716619535916258" /></a><br />o poema saído das mãos do criador<br /><br />e quem sabe o que dirá o amanhã<br />porque o dia é claro e a noite<br />sabe-se lá o que nos traz nas nossas costas<br />e se eu pudesse eu aniquilaria todos os poemas<br />porque só o meu é real<br />apenas porque eu o digo<br />e só não digo o que não sei porque no fundo não existo<br />e ainda nem aprendi a ser<br />quem sabe nem eu conheço o que sai das minhas mãos<br />a minha obra é órfã antes mesmo de nascer<br />fatalmente<br />o poema ficará sem autor nem mestre nem ouvinte no final dos tempos<br />para quê se nunca mais haverá poentes<br />no lugar onde eu pousarei a cabeça<br />apenas a folha e o texto e o café e as pessoas e as ruas e<br />todas as cidades onde nunca vivi mas onde sempre deixei um rasto<br />como em qualquer cama sem redenção<br />para quê ter amigos ou família<br />se as sombras caminham sempre sós<br />e todas apanham o mesmo barco para casa no final do dia<br />cansadas do trabalho<br />não me negues nem apontes as pessoas ou as pedras da calçada<br />nada me converte nada me ensina nada me comove<br />a não ser quando me tocas<br />e aí as minhas teorias acabam sempre por ser desmentidas<br />afinal é essa a tua missão<br />que faria eu sem ti<br />sem a tua rapidez dos pianos<br />há tantas cordas com que amarramos a nossa pele<br />não me prendas às palavras pré-construídas<br />não quero<br />nem posso<br />dar-me ao luxo de continuar a falar-te<br />não posso<br />não tenho tempo<br />e o relógio que me ofereceste no ano passado continua a parar<br />por breves instantes<br />na mesma hora estúpida do dia<br />seis e vinte e cinco<br />não sei<br />não sei deve haver alguma razão para estar aqui<br />possivelmente receio<br />morrer do mesmo modo que as palavras me saem sempre<br />de modo repetitivo<br />dia sim dia não<br />o mundo pára nos meus dedos<br />nomeadamente entre o primeiro advérbio e os planos para o fim de ano<br />havia de ser bonito conhecer-te<br />talvez um dia quando eu for aquele célebre poeta<br />que toda a gente conhece do desfecho de um livro<br />tal como um amigo que se encontra num bar<br />à média luz todas as faces são ilusórias<br />o teu corpo e o meu destino<br />tudo o que toco com o poema desfaz-se<br />pois assim me descubro homem e a incerteza e o caminho e a paragem<br />tento parar há um autocarro que parte daqui a nada<br />e nem tenho um poema completo para seguir viagem<br />porquê<br />pergunto eu porquê<br />creio que terei a resposta quando deixar o assunto para outro dia<br />e inevitavelmente vir a encontrar um anúncio nas páginas centrais do jornal<br />que não anuncia calor mas apenas a vontade de estar sempre imerso no vazio<br />porquê<br />o verso sai-me sempre igual ao dia de ontem<br />e ao dia antes desse<br />talvez se não tivesse travões<br />talvez se andasse sempre em sobressalto<br />como hoje<br />talvez se deixasse de falar entendesse alguma coisa<br />sobre uma única pessoa<br />bastava calar-me<br />não sei para que é que me olhas dessa forma<br />afinal para que é que passamos a vida a dizer que tudo muda<br />quando me estás a dizer exactamente o mesmo apenas de outra forma<br />daí a minha falta de sono e a deriva dos continentes<br />o que é o mesmo que dizer os meus sonhos ou<br />aquelas pérolas perdidas de que as crianças se esquecem<br />quando aprendem a contar ou a ler ou a discutir política<br />talvez o poema se revele de outro modo quando eu crescer<br />ou quando envelhecer definitivamente até ao próximo parto<br />o facto é o que o poema saiu das mãos do criador e até hoje<br />nunca mais retornou<br />tudo isto me irrita e confunde<br />mas que fazer se a vontade das palavras não é a mesma que a nossa e<br />por mais que queira parar há algo que me prende ao poema<br />por mais que peça o divórcio nunca deixarei<br />nunca te deixarei<br />é possível que volvidos uns séculos eu volte aqui e diga<br />que me encontrei<br />mas até lá o poema continua em viagem<br />está atrasado<br />e ainda não voltou a casaWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-48888797862762118862007-12-03T23:35:00.000-01:002008-12-10T03:07:58.452-01:00A voz<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwqsqcPDxh1YUNv-UpqLZBxjGMf3CrV84MmxjNQ4m9aJ_gWFI27IFBKOndVUG-kL1-dSXYtcevapy4nj8UHNRW_PABCnIk103gfCOZ3I_8mL6mB2Q4OSCFBpfR-OXE1nVBSwXY8K6Q7wU/s1600-h/The_inner_voice_by_iram.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwqsqcPDxh1YUNv-UpqLZBxjGMf3CrV84MmxjNQ4m9aJ_gWFI27IFBKOndVUG-kL1-dSXYtcevapy4nj8UHNRW_PABCnIk103gfCOZ3I_8mL6mB2Q4OSCFBpfR-OXE1nVBSwXY8K6Q7wU/s400/The_inner_voice_by_iram.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140720089869491458" /></a><br />como poeta posso ter muitas vozes<br />posso descer à rua<br />ver uma flor<br />e imediatamente alimentar-me de luz<br />as folhas do poema provavelmente ficariam verdes<br />envelheceriam com a minha perda de inocência<br />e eu talvez pudesse guardar um verso para o inverno seguinte<br /><br />posso ainda<br />nos arrufos entre certos amantes<br />não saber o que dizer<br />e ser a mão que bate do lado errado do coração<br />ou sempre que alguém cai de joelhos<br />ter os vitrais das capelas a cortarem a minha garganta<br />conhecer a luta do coração que duvida entre as mãos postas<br /><br />como um deus<br />vivo da tua voz<br />do vazio e da tua fé<br />eu que crio alguém para poder ser quem sou<br />para além do meu pensamento<br /><br />mas que digo eu<br />se o ruído é tudo o que há?<br /><br />mesmo que um bilhete do metro me traga a casa<br />mesmo que apague as luzes<br />e ressurja no poema como em cada espelho<br />a voz que ouço na rua<br />não é a minha<br />mas a do poeta de um outro dia qualquerWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-29742084302337832882007-12-03T23:25:00.000-01:002008-12-10T03:07:58.568-01:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1FxPmGHafWR6-KdVTk2ZYJ8r5f3ea3P0gpSwthcnUy70prGG5_7BZWNSLjzaToaGr8iBpavwAogBToh7NgLk-Qh6f4FoLHiOGkC3vu3ipkW8Xylw53ZE5DouSHhhl9VpTyzBGJzmDNlg/s1600-h/Struggle_Within_by_lealea226.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1FxPmGHafWR6-KdVTk2ZYJ8r5f3ea3P0gpSwthcnUy70prGG5_7BZWNSLjzaToaGr8iBpavwAogBToh7NgLk-Qh6f4FoLHiOGkC3vu3ipkW8Xylw53ZE5DouSHhhl9VpTyzBGJzmDNlg/s400/Struggle_Within_by_lealea226.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140717186471599346" /></a><br />hoje rasguei o poema<br />a carta branca a folha-atestado<br />as palavras a mais<br />os pedaços da folha que nunca foi poema<br />passaram pelo mar e trouxeram consigo o poente<br />não gosto do modo como as palavras caminham na areia<br />lembram-me um deus que preferia não ter ao meu lado<br />não quero fazer do poema uma cópia de outras tardes<br />porém há uma estranha ausência<br />um toque frio quando me falta o arWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-91189368384344187662007-10-23T13:51:00.001+00:002008-12-10T03:07:58.889-01:00Retórica<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_LupTTyQGVZu1lO2ZmBCwOHGyGaTH6zwsgUUmT98WsR0Lpd8_D82nxioW-r1FfhSe6Yb36fQ8eqhPHeKUUy0Q8rjB3iyOcH7doE82vZXR3xq1yMaMd4mcxc27dEYT7uU1x2YNsVwpxFQ/s1600-h/CanITouch.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_LupTTyQGVZu1lO2ZmBCwOHGyGaTH6zwsgUUmT98WsR0Lpd8_D82nxioW-r1FfhSe6Yb36fQ8eqhPHeKUUy0Q8rjB3iyOcH7doE82vZXR3xq1yMaMd4mcxc27dEYT7uU1x2YNsVwpxFQ/s400/CanITouch.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5124576476974150466" /></a><br />um ponto final<br />era insuficiente para marcares as horas<br />quando te vi a dobrar a esquina<br />soube imediatamente que tinhas pressa<br />que dizer do teu silêncio?<br />sempre foste um poeta pós-modernista<br />mesmo enquanto me amavas<br />reduzias o vapor à sua essência mais concreta<br />sempre mediste o mundo com a palma da tua mão<br />talvez por isso não me pudeste conter<br />que me importam os rótulos?<br />eu próprio tinha mais asas que os dedos na tua mão<br /><br />e se eu partisse a mesa onde apoias o teu mundo?<br />nasceria um deus emprestado<br />dissolvente<br />ou apressar-te-ias a colar tudo como estava?<br /><br />adoro dançar à chuva<br />mostrar-te que conheço os segredos da luz<br />da decomposição das cores<br />vestir-me de sombras<br />mentir a mim mesmo<br />sentir a mesmíssima mão dos poemas concretos<br />a colidir com a minha face<br />pelo movimento do relógio concluo<br />que significo uma nova revolução estética<br />se me olhas desfazes o meu nome<br />se me dizes entro em silêncio<br />o meu rosto não podia sobreviver à tua mão sobre a mesaWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-4764792621517146982007-09-22T00:48:00.001+00:002008-12-10T03:07:59.106-01:00Possessão<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWgOJBJKjcnDgb1bASPtRgMLszqtB6nBPU53ACJSzhLkuX-4sjrf-px1oB2M2O698A2C13zAsEW6sZMC0Fbyi0UmMFhVWehiog9LfjVTdw5RFSRkSZZv59TrQiu59LvsZ5VDNCVj0CKOQ/s1600-h/Possession.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWgOJBJKjcnDgb1bASPtRgMLszqtB6nBPU53ACJSzhLkuX-4sjrf-px1oB2M2O698A2C13zAsEW6sZMC0Fbyi0UmMFhVWehiog9LfjVTdw5RFSRkSZZv59TrQiu59LvsZ5VDNCVj0CKOQ/s400/Possession.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5112829269653070850" /></a><br />nada trouxe ao poema quando o fui buscar à estação<br />só sei que quando o entrevi zangou-se<br />sentaram-nos a um canto com um tabuleiro de xadrez<br />entre nós e as decisões<br />e assim ficámos durante eras<br />a debater impaciências<br /><br />alguns séculos depois<br />estávamos eu e o poema <br />sendo eu outro poeta que não o de ontem <br />de repente surgiu a fome<br />e o poema disse-me que deus estava na mesa<br />note-se que ele não estava<br />à mesa<br />disseram-me apenas que tinha sido apanhado<br />fresco de manhã e por isso<br />por alguma razão<br />o tempo estava a passar mais depressa<br />e eu preocupado por poder perder o noticiário<br />não só comunguei como me esqueci de tudo<br />porém vim a saber que deixara de haver jornalistas<br />deus esquecera-se de lhes anunciar o fim do mundo<br />em primeira mão<br />decidiram então mudar-se para um segundo ramo<br />e pregar para outra freguesia<br />e sem televisão nem rádio decidi eu mesmo ir ao engate<br /><br />eu nunca vou ao engate quando passa a novela<br />fingir<br />sai mais barato e é mais doce<br />reduz a acidez estomacal<br /><br />o poema consentiu<br />na nossa ligação muito aberta<br />porém ao ir em busca de um copo descobri<br />que o poema era dono de todos os bares e tabernas<br />pareceu-me que até na discoteca vi um segurança com cara de poema<br />conhecia o segredo de contar todas as palavras com o punho cerrado<br />e portanto além de ser suspeito de traição<br />ainda me arrisquei a cair de quatro<br />quatro horas dizia o relógio<br />e ainda não havia deus nenhum disponível<br />seria da minha falta de troco<br />ou da minha queda para os esgotos?<br /><br />nada trouxe ao poema<br />no final da noite simplesmente reencontrámo-nos<br />tomámos um último chá porque o sono era um luxo<br />e adormecemos<br />creio que lhe fez falta ter um jornal para afogar as mágoas<br />digo<br />para enrolar a língua<br />que vai sempre para o lixo de manhã cedo a cada dia<br />como os deuses que são pescados<br /><br />esqueci-me de lhe perguntar<br />se ele ia ver passar o rio à tarde<br />talvez falemos sobre o assunto durante o almoço<br />encomendámos de véspera vários demónios de lenta digestão<br />e se efectivamente o poema sair pela porta<br />em direcção ao caudal que encheu dentro do prazo<br />levarei um ferro para engomar o lençol freático<br />e outro para despedaçar o crânio de quem parar ao redor<br /><br />não me neguem<br />não existem espectadores puramente passivosWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-68871168348118752942007-09-06T23:48:00.000+00:002008-12-10T03:07:59.233-01:00Mutilação<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCzbI9Ha2bfqpnejfATMIF4_l0V2FIdYCkkiPlQM-CvJYRqvpPmtazlv-JJzdxsWBdgEQX86DTWYsjf1DHNrgCOOM-ICfx4jBtj1YgeBxcI_KjIHJ52QHc2XsFXGy5gfWoqhDB11SLY8c/s1600-h/Self_Mutilation_Through_Words_by_coukiedoe.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCzbI9Ha2bfqpnejfATMIF4_l0V2FIdYCkkiPlQM-CvJYRqvpPmtazlv-JJzdxsWBdgEQX86DTWYsjf1DHNrgCOOM-ICfx4jBtj1YgeBxcI_KjIHJ52QHc2XsFXGy5gfWoqhDB11SLY8c/s400/Self_Mutilation_Through_Words_by_coukiedoe.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5107253458700705554" /></a><br />aproveita a pausa<br />mantém o passo<br />goza cada milímetro da dor<br />o deserto está ali mesmo<br />a apenas um palmo de sangue<br />as luzes tremem<br />sente-as nas tuas veias<br />procura um outro nervo<br />sobrevivente resistente no meio do embate<br />e ao reclinares-te<br />lembra-te de quantos mundos foram já plantados no teu corpo<br /><br />porque a guerra é uma sala de pânico<br />há correias que te prendem<br />deixa passar as palavras<br />elas penetram-te por debaixo da pele<br />há algo que te fere por dentro<br />talvez uma agulha<br />ou o silêncio<br /><br />alimenta-te de mais um pouco de cegueira<br />afinal a batalha passa sobretudo pela medula<br /><br />grita<br />a voz está vazia<br />mas nunca te esqueças de ir morrendo pelo diafragma<br />precisarás da garganta quando te venderes<br />retira um pouco de prazer do colapso<br />nada possuis além do que já perdeste<br />e afinal o olhar é um carrossel que gira para trás da mente<br /><br />o estrabismo<br />repito<br />não passa de uma ilusão das falhas eléctricas<br />louco serias se me visses<br />que fazes ainda a escutar os presságios de rua?<br /><br />apressa-te<br />ainda deixaste aquele canto por cortarWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-68251830532769044012007-08-29T19:12:00.000+00:002007-08-29T19:50:25.250+00:00Memorabilia<object width="425" height="350"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/V_q-4YYyAJ0"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/V_q-4YYyAJ0" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="350"></embed></object>What is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-22228692712742379132007-08-27T05:42:00.000+00:002008-12-10T03:07:59.492-01:00Intuição<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixHvAXJoHV0TmXwIFdifwcYEtJcAXqeeqH0G-28gfkPcJQgODfG042PlM1BWOMKI614nU7sT-yfpgzHsre_MJILXq2ctYQXoaWOPlB2dJ9KQqGitMsbXrVKcyWjkU27gU4N1TdsIsIUtQ/s1600-h/Reaching_Out_by_pheelfresh.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixHvAXJoHV0TmXwIFdifwcYEtJcAXqeeqH0G-28gfkPcJQgODfG042PlM1BWOMKI614nU7sT-yfpgzHsre_MJILXq2ctYQXoaWOPlB2dJ9KQqGitMsbXrVKcyWjkU27gU4N1TdsIsIUtQ/s400/Reaching_Out_by_pheelfresh.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5103335748447084210" border="0" /></a><br /><br />falaste-me de inocência<br />àquelas horas era-me difícil compreender<br />as tuas palavras<br />as tuas<br />múltiplas formas de pegar na minha mão<br />de acariciar os meus dedos<br />de fazer quiromancia<br />e jogar com o silêncio para calar o futuro<br />disseste-me também que um dia<br />o passado se apagará<br />talvez o teu toque me demonstre essa arte<br />essa tentação no deserto<br />essa arquitectura paisagística<br />que empregas para me apresentar ruas amplas<br />daquelas que ninguém polui ao final da tarde<br />onde há crianças que nos levam pela mão<br />e onde<br />bom<br />onde ao que parece tu acabas de fechar as cortinas<br /><br />recomeçar<br />sabes bem que não conheço muita gente<br />posso andar pela cidade<br />ouvir as pessoas inalar o fumo entrar no metro<br />mas pergunto<br />o que se esconde atrás dos rostos<br />apressados zangados que pensam no jantar<br />ou a quem vão confiar o corpo ao anoitecer?<br />diz-me<br />quem és tu e todos aqueles que me encontram<br />na esquina onde desenho pontos de fuga no meu casaco?<br />sabes bem<br />sou um animal que se perde caminhando à chuva<br />há vozes que me são estranhas<br />mesmo que eu as conheça desde a mesa de cabeceira<br />ou de um recanto qualquer da minha boca<br /><br />que queres de mim<br />se o lugar onde me serves as tuas mãos<br />não tem nenhum luar que o sustenha?<br />que queres de mim?<br />sou alguém que sobretudo sente<br />sento-me no chão de terra sob o sol<br />ou tento acercar-me de ti<br />e tudo o que te consigo oferecer<br />são pedaços de pele que guardei com os anos<br />embrulhei com eles muitas lágrimas<br />com eles esperei que um sorriso nascesse ao virar da hora<br />estas árvores<br />quem me dera que nos deixassem sempre ver a noite<br />parecem-me ter sido feitas unicamente para que tivessem ramos<br />e na sua nudez de inverno fossem molduras do tempo<br />mas para isso temos janelas<br />não é?<br /><br />não<br />não largues a minha mão<br />afinal não consigo ainda adormecer<br />pelo menos não sozinho<br />existe uma longa estrada para percorrer<br />entende por favor<br />é de noite e tenho medo<br />não consigo tecer outras palavras quando me falta fé<br />dantes tinha um deus que me abraçava<br />e hoje?<br />hoje existe uma longa estrada para percorrer<br />não me digas que me repito<br />não me digas<br />sofá<br />cama<br />casa<br /><br />lar<br />encanto-me sempre quando fazes isso<br />esse sorriso<br />creio eu que sorris<br />à média-luz todas as expressões são belas<br />encanto-me<br />céus<br />existe outra forma de pedir colo<br />é tão raro que alguma coisa ainda exista<br />e quando balbucio certas palavras<br />quero-te<br />amo-te<br />preciso do teu calor<br />espero apenas que as ouças no teu sono<br />é quase certo que um dia adormeças<br />insistes em negar-me essa tua necessidade<br />mas eu<br />eu não consigo adormecer<br />não te esqueças que sou um animal que apenas dorme à chuva<br /><br />se numa hora alta dos meus devaneios<br />me visitares<br />ou voltares a pegar na minha mão<br />aceita o meu convite<br />e vem comigo viver a explosão com que digo à cidade<br />que tenho fome<br />cidade<br />sinto raiva<br />tenho saudades<br />fazes-me falta<br />preciso deste modo de me desmembrar<br />só assim consigo sentir que certas gotas de pedra me invadem<br />nunca pensarias nisso se me pintasses uma aguarela<br />vem comigo<br />conversar com aquele que vem com o vento<br />chamemos-lhe sonho<br />as nuvens são fortes alucinogénios<br />quando nos abeiramos das varandas<br />vem comigo<br />preciso deste pedaço de sossego<br />a tua presença<br /><br />que é como quem diz<br />o mundo<br />ou um pouco de carinhoWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-82655969596434992392007-08-26T05:50:00.001+00:002008-12-10T03:07:59.816-01:00Trapézios<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjHmQXfrGjooGuGN5wcRRlQ5larsiChMSwu-ujBvNb-XIeFaePysnaekT96amL4fxoXBQjMnvE9katt9iEFYblDSnCvCw5zMdIAxR4Cluem6XnI58v1vI0AWA_e8WU5t5jcLOMwxmS8p4/s1600-h/CoupleHand.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjHmQXfrGjooGuGN5wcRRlQ5larsiChMSwu-ujBvNb-XIeFaePysnaekT96amL4fxoXBQjMnvE9katt9iEFYblDSnCvCw5zMdIAxR4Cluem6XnI58v1vI0AWA_e8WU5t5jcLOMwxmS8p4/s400/CoupleHand.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5103050068697390754" border="0" /></a><br />conhecer o ritmo da tua pele<br />as sombras<br />os ângulos perfeitos da tua face<br />e as promessas que fazes aos meus lábios<br />concretamente<br />render-me ao odor que exalas<br />pedaço de segredos e de luta<br />arrancar com as mãos a tua voz mais profunda<br />e sentir o pulsar da tua dor<br />como quem experimenta o desejo<br />na expectativa dos meus dedos<br /><br />a minha mente buscava a simetria<br />o modo mais geométrico de pedir amor<br />e se posso atravessar de um lado ao outro<br />o teu olhar<br />colho a limpidez<br />a abertura de cada poro<br />a ousadia do teu corpo<br />as manhãs claras em que te tornas evidente<br />as veias ameaçadoras<br />as linhas fluidas<br />desde o lugar onde ontem não te degolei<br />até ao amplexo em que ouço o vapor da terra<br />enquanto adivinho o teu coração<br /><br />se posso atravessar o teu rosto<br />de um lado colocarei a língua<br />junto àquela tua diária emancipação como homem<br />e a aspereza levar-me-á ao outro ponto<br />onde já me terás deixado o arrepio<br />pronto e imaculado<br />na sua concepção vulcanológica<br />que de noite significa<br />irrupção<br />morte<br />correntes infindas<br />de encontro à tua boca<br /><br />um outro caminho<br />incógnito<br />a nossa dança tem muito de ritual<br />de culto<br />um pouco de quarteto de cordas<br />quando na verdade somos uma banda de um homem só<br />sempre que inclinas a cabeça um pouco mais<br />e desenhas sonhos que nem eu consigo perceber<br />prefiro pensar que és dono de umas quantas estrelas<br />uma propriedade que guardas desde os tempos em que brincavas<br />com o fogo o silêncio uma bola<br />prefiro pensar que ao tocar-te<br />ao sentir-te tremer sobre mim<br />calamos o poema<br />e deixamos a melodia dizer o mundo<br /><br />no fundo aquilo que é óbvio<br />os teus longos lamentos quando entras em queda livre<br />são as notas que me faltavam<br />para compreender a nossa forma de fazer acrobaciaWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-57622829229886486842007-08-20T16:31:00.000+00:002008-12-10T03:07:59.985-01:00Hybris<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3hbGTueaoU8HSohGtmW7Pe3zmkYvoXxNEf6ryTDwe2NqpItpg_dsd9rdttQH3VOM1yoZIB5TJeWJGdOnXwiyUSFUTvEhlpKKr5lT7L7ixfGyNAtHFwB3Qa-SfyUsdiTCPyLuBQ2ucP0g/s1600-h/BurnItAllAway.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3hbGTueaoU8HSohGtmW7Pe3zmkYvoXxNEf6ryTDwe2NqpItpg_dsd9rdttQH3VOM1yoZIB5TJeWJGdOnXwiyUSFUTvEhlpKKr5lT7L7ixfGyNAtHFwB3Qa-SfyUsdiTCPyLuBQ2ucP0g/s400/BurnItAllAway.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5100835665163951426" border="0" /></a><br />queria crer na madeira<br />que de todas as maneiras<br />os homens roem e levam ao peito<br />seria tão perfeito<br />se o meu telhado<br />por ter goteiras<br />fosse mais sacralizado<br />que as tábuas do sobrado<br />que tantos joelhos recebeu<br />assim houvesse um deus<br />que em vez de te fazer santo<br />te amasse e entretanto<br />te ensinasse a amar também<br />mas que fazer se a minha presença<br />não é tão beatífica<br />quanto as alturas magníficas<br />em que o deus<br />que quisemos ter<br />em suas sentenças<br />nos resolve condenar?<br /><br />e se o deus sair pela cidade<br />ao encontro do seu peito<br />ao encontro de nós?<br />e se ao cair do altar<br />o deus encontrar<br />um homem de face comum<br />o seu cheiro de carne terrena<br />valerá a pena<br />para o beijar e amar<br />na sua maior inteireza<br />sem tecto algum?<br />e se o deus<br />com seu corpo recém-adquirido<br />decidir por decidir<br />que a aliança lhe convém<br />haverá poema que o contenha<br />poeta que não tenha<br />que se calar nem fazer jejum?<br /><br />e que digo<br />se o maior perigo<br />é o poema devorar<br />o mesmo deus que criou<br />porque se o templo fechou<br />foi o poema que o fez desabar?<br />e eu poeta<br />acabando pela certa<br />por matar o mesmo deus<br />não será por mal<br />pois quem queima uma imagem<br />constrói outra miragem<br />senão com barro<br />ao menos com um verbo igual<br /><br />e o deus que então surgir<br />nomeado ou desconhecido<br />pau pedra<br />ouro terra<br />não será maior que o antigo<br />nos pecados que permitir<br />só um corpo diferente<br />e os vícios das gentes<br />lhe darão outro céu<br />o poema que ele abrir<br />não terá outro sentir<br />se o poeta for igual<br /><br />só eu sei que se rasgar o poema<br />não há dilúvio nem dilema<br />que me torne menos realWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-5118726382003855292007-08-19T14:19:00.000+00:002008-12-10T03:08:00.118-01:00Dos amores<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZYcmUldZsRPrlWhjpBFT1z9vBVrUaZs6FhOs8flFQOk-pcj8pkuKz6kXE9bG4jS5eiRSwq8gH9o-KylZIHNBBKIBSq2WMcyXfM73kvCJEAU6hogLjrPd6knrZySV6bm_dT6NiksSMvbw/s1600-h/Farewell.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZYcmUldZsRPrlWhjpBFT1z9vBVrUaZs6FhOs8flFQOk-pcj8pkuKz6kXE9bG4jS5eiRSwq8gH9o-KylZIHNBBKIBSq2WMcyXfM73kvCJEAU6hogLjrPd6knrZySV6bm_dT6NiksSMvbw/s400/Farewell.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5100837189877341522" border="0" /></a><br />dos amores sem memória<br />ninguém<br />sabe<br />é que temer ao amor é uma arte<br />secreta<br />só os amantes mais corruptos conhecem o segredo<br />de como beijar sem deixar rasto<br />há um pouco de estrada no segredo<br />o segredo<br />é um desejo de atropelamento<br />os passos são pontos de fuga<br />os teus e os meus<br />desamores<br /><br />ai os amores<br />deviam criar uma lei que proibisse<br />os incautos<br />os ladrões<br />e os poetas<br />de desviarem as almas da juventude<br />um decreto que apagasse os desvarios<br />e deixasse os puros à solta<br />com seus muros brancos de cidades<br />estéreis<br />porque a cal não conhece a dor<br />nem enfim a cor louca dos lençõis<br />de inverno<br /><br />o teu amor como tantos outros<br />amores baratos<br />é radioactivo<br />todos encontram vestígios do mesmo<br />nos seus patéticos quintais<br />brancos únicos repetidos<br />porém são poucos os que de facto morrem<br />de amores<br /><br />dos amores modernos<br />de cara lavada<br />amores sempiternos<br />casas devastadas<br />dos amores naturistas<br />fascistas<br />sem roupa na esquadra do mundo<br />dos amores dos jornais<br />quero um igual ao que vi na página sete<br />era redondo e a pronto<br />dos amores quero um modelo económico<br />um que caiba em casa<br />entre as plantas e as molduras<br />abandonadas<br />um amor que dure<br />um amor que vá rendendo<br />um daqueles amores apartamentos<br />momentos<br /><br />quero um momento sem querer<br />porque a esperança desgasta<br />e o desejo mata<br />dos amores sem relógio<br />daqueles de portas sempre abertas<br />quero a janela<br />discreta<br />o vagar do gesto em que o mundo pára<br /><br />dos amores sem hora<br />dos amores a toda a hora<br />dos amores apressados sem bilhete<br />da estação<br />da viagem<br />preciso do desembarque<br />do adeus<br />dos amores abraços fugidios<br />quero o olhar que fica<br />quero a cadeira vazia ao lado<br />e a telefonia a anunciar o fim dos temposWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4918294266696188677.post-75599128938072722762007-08-01T00:19:00.000+00:002008-12-10T03:08:00.508-01:00Infância<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFFHjpwUYf2sEu9o0aLdeqBvrcNS044G4nWFsIrOJ0n5fO_XVpkM4n_oMg5bcuhzAYKqzYsMKV0Kmi_CdXTXrHff_dY6rJ7aF2gt9c-bFx0v0wOq4nssHy0ZtfRkGKcOlMCCCvgqLwgI4/s1600-h/Lovely_cloud_by_Syndal.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFFHjpwUYf2sEu9o0aLdeqBvrcNS044G4nWFsIrOJ0n5fO_XVpkM4n_oMg5bcuhzAYKqzYsMKV0Kmi_CdXTXrHff_dY6rJ7aF2gt9c-bFx0v0wOq4nssHy0ZtfRkGKcOlMCCCvgqLwgI4/s400/Lovely_cloud_by_Syndal.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5093791786214037474" border="0" /></a><br />rosas azuis<br /><br />o teu amor é tão impossível como o branco<br />aquela cor que todos tocamos<br />invadimos pelas manhãs dentro<br />e de que tomamos posse através do vazio dos nomes<br />é fácil termos por certo aquilo que é ilusório<br />o advento das sombras<br />veio despojar-nos da propriedade das nossas palavras<br /><br />coloquei a minha mão numa nuvem<br />fui eu que a desenhei<br />tal como o teu rosto<br />outrora a nuvem era um barco<br />era uma mãe a dar colo ao céu<br />o sono do vento era eterno enquanto houvesse poema<br /><br />hoje a minha infância constrói-se com coloridos blocos de madeira<br />na antecâmara dos teus braços<br />vou aprendendo a soletrar o amor com as letras do teu silêncio<br />gostava de poder condensar o poema numa única palavra<br />e desta vez a nuvem seria um breve sopro<br />uma daquelas rimas que se costumava ouvir segredar em Hiroshima<br />afinal nunca se sabe o que o céu tem reservado<br />quando se gere um paraíso<br /><br />precipitação<br />dizias-me que há horas certas para se colher o poema<br />quisera eu que não houvesse tempo<br />todos os voos ficariam suspensos<br />e as nuvens sairiam daquela sua inércia maquinal<br />um poema sem versos sem acidentes sem altares<br />no fundo todas as portas que nos entalam e rasgam são efeitos da seca<br /><br />e no entanto<br />só haverá chuva quando eu fechar os olhos<br />devagarWhat is in a name?http://www.blogger.com/profile/02315552340368505436noreply@blogger.com1