segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

À parte


como explicar a uma criança a idade de uma árvore
ou outro mistério mais antigo que os mesmos anéis do seu cabelo?
o amor ou uma mancha na madeira
será uma nódoa ou um sinal do tempo?
quanto a mim
perdi a conta aos meus dias
sentei-me a contemplar as linhas das minhas mãos
e ao escutar outra criança ao lado
espelho contraponto miradouro as mesmas perguntas
o eco de um colo que se pede
de súbito acendeu-se uma nova demência
e sustive-me entre a explosão do riso e a mesa
tão abismal como o caos que adoro nos altares a cada dia

1 comentário:

Silêncios disse...

Mais difícil se torna para nós criar uma explicação plausível ao nosso olhar, do que deixar que a simplicidade seja a mais doce revelação para uma criança. É por isso que, muitas vezes, nos revemos nesses rostos, sem máscaras, que nós queríamos voltar a ser. Então, perdidos, acabamos por reencontrar-nos nesses instantes tão profundos quanto pequenos... Parabéns! O texto deixa suspensas imensas interpretações e alimenta o raciocínio emocional. Adorei ler.