sábado, 9 de fevereiro de 2008

Ecos


de cada vez que a canção recomeça
o dia dança mais devagar
o braço sobre o disco
os discos onde te apoias e da torre vês que o mundo se faz uma manhã vermelha
sobre os teus pés ou a cama
ou a janela entreaberta com flores num salão de nuvens
o braço a acariciar-te o corpo
ou a dedilhar um pensamento que alguém teve um dia
no final de contas o gira-discos é uma fábrica de banalidades
ouvir uma canção é cometer plágio
tantas vezes quantas te beijo
tenho a impressão que o teu olhar já cá estava ontem
porém duvido que tu já cá estivesses
cada vez mais devagar
o teu rosto a desenhar-se aos meus ouvidos
devagar
um eco de um mar que havemos de conquistar um dia
envelhecer devia ser apenas uma questão de levantar o braço
e percorrer o corpo do poema desde o começo
tocar o corpo tocar o efémero adivinhar o inominável
ver-te pela primeira vez como se só hoje tivesse acordado


4 comentários:

jorgeferrorosa disse...

Finalmente que por aqui se escreve. Tão lindo o que escreves. Continua. Um abraço
Fronteiras

Snl disse...

E eu não te disse que valia a pena tentar, se bem que o tempo nos trouxe um poema brilhante. Talvez sejas como o vinho! lol! Abraço amigo! Adoro-te!

farfalla disse...

Gosto da dança dos teus dias e do eco onde as tuas palavras me tocam...

_baci_

Anónimo disse...

a recorrente espiral criativa a que placidamente chamamos...sentir!